sexta-feira, 3 de abril de 2009

OPINIÃO

Saúde em Lajeado precisa ser
debatida com a sociedade


O problema está batendo a nossa porta. Lajeado está ganhando, via mandado de segurança, 60 dias para que organize estrutura apta ao atendimento da saúde básica em nosso município.

Nestes dois meses, os lajeadenses ainda deverão ser atendidos junto ao Pronto Socorro. Dos males, o menor. Período para que a Secretaria da Saúde adapte o Posto de Saúde do Bairro Montanha para atendimento durante 24 horas, diariamente, inclusive nos finais de semana e feriados.

Trago alguns dados, os quais visam colaborar para um melhor entendimento sobre a questão que envolve a Prefeitura Municipal de Lajeado e o Hospital Bruno Born. E que respingam na sociedade, especialmente nas famílias mais humildes e que dependem da saúde pública. A avaliação e interpretação das informações ficam a critério do leitor.

- Pelo Artigo 30, Inciso VII, da Constituição Federal, compete aos municípios a prestação de serviços de saúde a população, mediante a cooperação técnica e financeira da União e dos Estados.
- A legislação determina que os municípios, obrigatoriamente, invistam o percentual mínimo de 15% dos seus orçamentos na - saúde.
- Lajeado está destinando aproximadamente 17% do seu orçamento (R$ 90 milhões) para a área da saúde. Em 2009, os valores destinados para a saúde serão de R$ 15.647.675,00.
- Até então, o município repassava R$ 117 mil/mês para o Hospital Bruno Born, valores destinados ao atendimento dos munícipes no Pronto Socorro.
- A direção afirma que o Pronto Socorro traz um prejuízo mensal de R$ 60 mil ao Hospital Bruno Born. A avaliação administrativa do hospital, que tem objetivos comunitários e filantrópicos, é feita através de unidades produtivas, atualmente em número de 28.
- O Município mantém o Convênio de Municipalização do Sistema Único de Saúde (SUS), desde 1996, estando, desde 1998, em regime de Gestão Plena de Atenção Básica.
- Venâncio Aires e Santa Cruz do Sul, entretanto, aderiram à Gestão Plena de Saúde, pelo qual administram a saúde local conforme suas diretrizes. Segundo informações obtidas junto a 16ª Delegacia Regional de Saúde, nosso município contempla todos os requisitos para aderir à Gestão Plena.

Conforme informações obtidas junto ao Hospital Bruno Born, relativas ao atendimento no Pronto Socorro:
- As sextas-feiras apresentam o maior número de atendimentos da semana. Em janeiro/fevereiro foram aproximadamente 1.100 atendimentos;
- Neste mesmo período, os sábados tiveram mais de 1.000 atendimentos;
- As quintas-feiras representaram mais de 900 atendimentos;
- De domingo à terça-feira, a concentração diária de usuários ficou um pouco acima de 800 atendimentos;
- A quarta-feira representa o dia de menor fluxo junto ao hospital, cerca de 750 atendimentos.

Quanto à localidade (município de origem) dos usuários do Pronto Socorro, em janeiro/fevereiro:
- Dos 6.390 pacientes que estiveram no hospital, mais de 5.000 são oriundos de Lajeado;
- Aproximadamente 100 atendimentos são de Santa Clara do Sul;
- Forquetinha, Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Canudos do Vale, Bom Retiro do Sul, estrela, Teutônia e Santa Cruz do Sul tiveram atendimentos, todos, em números inferiores a 50 cada um;

Outra informação relevante, obtida junto à administração hospitalar, é a de que o Hospital Bruno Born realiza, entre os diversos serviços de alta complexidade, aplicações de radioterapia (a cada 10 minutos, das 7h às 19h, de segunda à sexta-feira). A grande maioria dos pacientes são do Vale do Taquari, evitando a necessidade de deslocamento para tratamento em Porto Alegre e os desconfortos que a viagem traz aos usuários deste tipo de serviços.

Alguns questionamentos igualmente se fazem necessários:
- Os agentes de saúde do PSF (Programa de Saúde Familiar) são devidamente orientados para as visitas junto aos munícipes, visando a diminuição de ocorrências nos Posto de Saúde e, conseqüentemente, desafogando no atendimento do Pronto Socorro?
- Quais serão os reflexos junto ao Hospital Bruno Born sem o atendimento aos pacientes de Lajeado?
- Quais os investimentos necessários e qual o custo que a prefeitura terá com um Pronto Socorro Municipal, cujo atendimento à comunidade deverá contemplar 24 horas?

O tema é extremamente complexo. Existem pontos muito positivos e que merecem o reconhecimento da sociedade regional. Exemplo disso é o conceito que o Hospital Bruno Born apresenta a nível estadual em diversas áreas.

É também de nosso conhecimento o empenho da administração municipal para que a saúde local contemple as necessidades da comunidade. Existe ainda a cooperação e a responsabilidade dos governos estadual e federal, os quais vem cumprindo com suas obrigações, pontualmente, no repasse de verbas destinadas à saúde pública.

Mas então, o que falta para que essa “engrenagem” funcione?

Ouvir e dar respaldo ao Conselho Municipal de Saúde, valer-se dos agentes de saúde no dia a dia e atentar para o que o usuário pensa, além de fazer a saúde preventiva, são alguns caminhos para que o município gaste menos e consiga atingir um número maior de pessoas.

Um plano, a ser debatido com a sociedade, de curto, médio e longo prazo, com certeza, nos levará a melhores resultados.

Você também ser um pilar nesta construção que busca um avanço na nossa saúde local.

Traga informações e sugestões para esse debate.

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ITO JOSÉ LANIUS
VEREADOR – PSDB
CÂMARA DE VEREADORES DE LAJEADO/RS


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